
153 resultados encontrados com uma busca vazia
- Destaque: Uma viagem ao passado sem tirar os pés do presente
Por Maria Clara Mendes. A grandeza de um disco pode ser observada de inúmeras formas. Gosto de pensar que a obra de Alceu tem a autonomia para falar por si mesma, basta colocar o disco para tocar e pronto, está dito. O Cinco Sentidos, lançado em 1981, tem a força, a sensibilidade e o atrevimento que só poderia surgir da mente de um artista como Alceu Valença. O álbum traz algumas memórias da infância do músico pernambucano, é uma viagem ao passado sem tirar os pés do presente. Com uma intensa dose de intimidade e desejo, ao longo das nove faixas, somos levados a experiências que jamais serão esquecidas. São as nossas emoções se misturando com as emoções do autor. Parece um filme cujo diretor é um cabeludo, sensível e teimoso que tem apenas trinta e dois minutos para dizer tudo e mais um pouco. E ele manifesta, de forma poética e arrebatadora, a sua mensagem e a sua essência enquanto homem, menino, artista e pernambucano. A última faixa do disco sintetiza bem. Seixo Miúdo. O Cinco Sentidos vendeu 150 mil cópias e colocou Alceu no ápice dos grandes shows, seu lugar por merecimento. É um álbum que aponta o rumo que a carreira do artista iria seguir na década de 1980, mas que ainda traz o resquício da ternura presente em sua poderosa obra setentista. Em tempos estranhos de pandemia e de tantos conflitos políticos, ouvir o Cinco Sentidos é uma boa pedida para sempre nos lembrarmos quem somos e o que nunca deixaremos de ser. “Minha língua ferina só cala no fim do espetáculo…” Link do álbum no Spotify Link do álbum no YouTube
- Revista Spia é vencedora do Expocom Nordeste na categoria Produção Multimídia
Estamos muito felizes em compartilhar esse resultado com vocês, que é reflexo do esforço e dedicação da nossa equipe e de vários colaboradores pela arte e cinema pernambucano. O Expocom é uma exposição de pesquisas experimentais em comunicação destinada aos melhores trabalhos produzidos por estudantes no campo da Comunicação. A Revista Spia era finalista na categoria Produção Multimídia, uma modalidade de Produção Transdisciplinar e conseguiu o prêmio da etapa Regional, o Expocom Nordeste. Agradecemos a todo mundo que acredita, compartilha e faz parte desse projeto. Um obrigado especial a Amanda Mansur, nossa orientadora, Márcio Correia, Hanna Aragão, Maria Clara Mendes, Ade Queiroz, Samara Torres e Cecília Távora. Viva o curso de Comunicação Social da UFPE- Caruaru! Viva a Universidade Pública!
- Artistas de Caruaru realizam a 4ª Feira Vital no Alto do Moura
Artistas caruaruenses estão realizando um movimento semanal no bairro Alto do Moura. Neste sábado, 24 de julho, das 10 às 19h, em frente ao Centro de Atendimento ao Turista - CAT, localizado na praça ao lado do letreiro Alto do Moura, realizarão a quarta edição da Feira Vital. Os envolvides no movimento estão comprometidos com as orientações de distanciamento social e utilização de máscaras e álcool em gel por conta da pandemia de Covid-19. Serão comercializados no espaço obras de arte, livros, comidas, etc. Também ocorrerá a exibição do filme "A Peleja do Bumba-Meu-Boi Contra o Vampiro do meio-dia", uma ação do movimento Barro e Poesia. O que é a Feira Vital? É um movimento dos artistas das diversas categorias que começou em julho de 2021 no Alto do Moura para comercialização dos trabalhos artísticos em praça pública. E como funciona? São artistas INDEPENDENTES e organizados com objetivo de fortalecer a pluralidade artística e quebrar os tabus. Para liberdade artística dos envolvides, funcionam com o apoio próprio, se organizando dentro dos limites físico, mental e financeiro que possuem, estabelecendo a educação e o respeito pelo próximo, dialogando no sentido de todes serem os zeladores dos espaços culturais, públicos, das culturas locais e da boa vivência. O espaço está aberto a qualquer artista que queira colaborar, desde que se comprometa a cumprir as normas de convivência coletiva estabelecidas. "Nossas vozes e forças só poderão ser fortalecidas se a união dos artistas "não soltar a mão de ninguém" e não deixar cair no controle do domínio público, somos multiplicadores da educação pelos saberes artísticos, culturais, plurais e para conquistarmos uma independência organizada é preciso se libertar das amarras e se organizar coletivamente." - Shivo Araújo, membro organizador do movimento. O movimento cresce com as diversidades artísticas de Caruaru, com objetivo de fortalecer a independência ocupando o espaço que é de todes. SERVIÇO: IV Feira Vital do Alto do Moura Sábado, 24 de julho, das 10 às 19h, em frente ao Centro de Atendimento ao Turista - CAT, localizado na praça ao lado do letreiro Alto do Moura
- A Brodagem no Cinema em Pernambuco
“Quem tem amigos não faz filme ruim.” Kleber Mendonça Filho Por Amanda Mansur. Foi fazendo filmes que tive o primeiro contato com os afetos e com a maneira de os cineastas produzirem filmes, colocando-se em risco e apaixonados pelo cinema, acima de tudo. Minha primeira experiência efetiva com cinema foi no filme Deserto Feliz, como segunda assistente de Direção, de Paulo Caldas. Foi no set do Deserto Feliz que pela primeira vez tive contato com a história do Grupo Vanretrô, da década de 1980. Eu já tinha uma forte admiração pelos filmes Baile Perfumado, Cinema, Aspirinas e Urubus e Árido Movie, que assistira antes. Mas foi somente nos intervalos entre a filmagem de uma cena e outra que descobri que Paulo Caldas, Lírio Ferreira, Adelina Pontual e Valéria Ferro eram da mesma turma da universidade, e que Marcelo Gomes e Cláudio Assis eram seus contemporâneos. Conheci Vânia Debs (a montadora de vários filmes realizados em Pernambuco, incluindo Deserto Feliz) antes mesmo de ser apresentada a ela, de tanto Paulo Jacinto Reis (1963-2011), o diretor de Fotografia, mencioná-la nos planos que ele criava para a personagem do filme, Jéssica. Na produtora de Germano Coelho (1958-2010), a Camará Filmes, conheci mais um monte de gente de cinema, que participava direta ou indiretamente da realização do filme. Em Pernambuco é assim, você acaba conhecendo todo mundo do cinema. A produção de um filme transborda pela cidade, ocupa suas ruas, invade as casas e apartamentos, circula pelos bairros. O cinema vem junto de pessoas que você encontra nos sets, é claro, mas igualmente nas salas de cinema, nos cineclubes, nos cafés e nos bares. A partir de Deserto Feliz, acabei circulando por essa cena audiovisual da cidade. No esquema da brodagem – que nas próximas páginas tentarei circunscrever –, ganhei padrinhos (Germano Coelho, Paulo Caldas e Camilo Cavalcante) e madrinhas (Stella Zimmerman e Adelina Pontual), que me convidaram para participar de outros projetos. Percebi, adotada a esse modelo produtivo, que a mesma coisa ocorrera – e ocorria – com muitos outros profissionais ou aspirantes a profissionais. Na mesma época em que me aproximava desse universo da produção de cinema em Pernambuco, eu cursava Radialismo e TV na Universidade Federal de Pernambuco. Lá no prédio do Centro de Artes e Comunicação, compartilhei de outros afetos cinematográficos. Enquanto frequentava as sessões do Cineclube Barravento, assistia aos vídeos da Símio nos Festivais e acompanhava a criação do coletivo Trincheira Filmes no “corredor de comunicação.” Compartilhávamos dos mesmos lugares, festas e amigos. Assim, fui assistente de Direção de Marcelo Lordello, em seu longa Vigias; organizei a documentação de cadastro de produtor cultural da Símio: Daniel Bandeira, Marcelo Pedroso e Gabriel Mascaro. No esquema de brodagem, o prédio onde moro serviu de locação para três filmes produzidos pela Trincheira: Vigias (2010), Ela Morava na Frente do Cinema (2011) e Eles Voltam (2012). A intensidade do processo produtivo de Pernambuco permitiu que, durante esse período, eu também tivesse a oportunidade de realizar filmes com pessoas de outros lugares e em outros Estados. Nessa experiência “estrangeira”, pude perceber que os filmes dos “outros” se organizaram a partir de uma forte hierarquia e que, na prática, isso gerava tensão e ansiedade. Eu pensava: “Isso aqui é diferente de Pernambuco.” Mas onde situar a diferença? Em que ela consistia efetivamente, para além de um clima mais amistoso e afetuoso nos sets e nos lugares frequentados pelos cineastas? Aprendi com as duas gerações o prazer de fazer cinema com os amigos. Constatei que eles só sabem fazer cinema entre amigos. E que foi o cinema que despertou os sentimentos de união desses grupos. Também aprendi, nos festivais de cinema, que não se faz cinema pernambucano sem festa, porque festejar o cinema faz parte desse processo. Afinal, como fala Lírio Ferreira, cinema pernambucano é um copo na mão e uma ideia na cabeça! E o cinema é o território onde se manifestam afetos. No ano 2012, dois filmes pernambucanos dividiram o prêmio de Melhor Filme no tradicional Festival de Brasília (Era Uma Vez Eu, Verônica, de Marcelo Gomes, e Eles Voltam, de Marcelo Lordello). Em 2013, Tatuagem, de Hilton Lacerda, ganhou o prêmio de Melhor Filme no pomposo Festival de Gramado. No mesmo ano, o aclamado filme de Kleber Mendonça Filho, O Som ao Redor, foi o indicado do Brasil para concorrer ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro. Em 2019, Bacurau, de Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles, conquistou o Prêmio do Júri no Festival de Cannes. A imprensa, por sua vez, legitimou este momento em sucessivas e enfáticas manchetes: “Pernambuco filmando para o mundo” (Revista Continente Multicultural); “Cinema de Pernambuco vive sua era de ouro” (Jornal Valor Econômico); “Cinema de Pernambuco revela uma novíssima geração de diretores” (Jornal O Globo). Toda essa repercussão do cinema contemporâneo de Pernambuco evoca uma série de questionamentos, que podem ser sintetizados assim: quais as razões dessa prolífica e conceituada produção cinematográfica? É uma vocação? É este o impulso que encontramos para seguir os rastros das memórias e resgatar uma história, arraigada de vontade, uma vontade que consome, um desejo incomensurável de fazer cinema, que tem seus primórdios lá no início dos anos 1920, quando, numa Utopia Provinciana, um grupo de jovens evoca a chegada do trem dos Lumière, no Gare de La Ciotat, numa das primeiras sequências do filme Retribuição, que inaugura o Ciclo do Recife. Não é preciso fazer grande esforço para demonstrar que o cinema feito em Pernambuco ocupa hoje um papel singular na cultura brasileira. Financiado principalmente por políticas de fomento público (estadual e nacional), esta produção conseguiu consolidar-se, mantendo uma impressionante continuidade desde o período da Retomada, com o Baile Perfumado em 1996. Reconhecido principalmente pelo frescor narrativo e ousadia estética, é considerado por críticos e cinéfilos como a produção mais autoral e pulsante do cinema nacional. São diversos profissionais, diretores, roteiristas, produtores, montadores aglutinados em grupos e coletivos de cinema, que transitam entre diferentes funções uns nos filmes dos outros. Como se faz cinema atualmente neste Estado? Quais são os grupos que produzem cinema aqui em Pernambuco? Como se configura o modo de produção, conhecido localmente como brodagem, ao longo das gerações? Como os sentimentos e afetividades de grupo vão aparecer nos filmes? O objetivo principal desta tese é discutir a história do cinema em Pernambuco a partir da constituição de grupos de cineastas que operam em um modo colaborativo de produção, conhecido localmente como brodagem. Os filmes realizados por estes grupos se configuram como uma atuação articulada em um mesmo momento histórico e inseridos em um mesmo cenário sociocultural e também por um programa de trabalho comum. A hipótese defendida pelo trabalho é a de que o suporte da produção e o da qualidade do cinema realizado em Pernambuco está vinculado a uma comunidade de afetos que permite a eclosão dos filmes. Por laços de amizade, afetos, valores e sentimentos compartilhados, os cineastas configuram grupos articulados em torno de uma estrutura social da brodagem. O intuito é entender em que medida as comunidades de afetos participam ou colaboram com a produção de cinema em Pernambuco. A proposta desta tese é, secundariamente, resgatar a trajetória dos grupos envolvidos na produção de cinema em Pernambuco: do Ciclo do Recife (década de 1920); a crítica e cineclubes dos anos 50, do Ciclo Super-8 (década de 1970), Vanretrô (década de 1980), a geração da década de 1990 (Kleber Mendonça e Camilo Cavalcante), a Símio Filmes, a Trincheira Filmes (início do século XXI) e os Coletivos de Audiovisual – a partir da reconstituição histórica de formação dos grupos e obras realizadas. E, na construção dos vínculos estabelecidos pelos cineastas, verificar até onde vai o afeto partilhado pelas diferentes gerações. Um afeto que tem a ver com os espaços da cidade do Recife, e por vezes acaba extrapolando, como faíscas que pulsam nas telas dos filmes. Link para tese: https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/13147
- Resgate da memória gráfica do Festival de Inverno de Garanhuns
Designer dá movimento às identidades visuais do FIG como forma de preservar a memória do festival na pandemia Materializado pela primeira vez em 1991, o Festival de Inverno de Garanhuns (FIG) surgiu da necessidade e vontade de despolarizar os grandes eventos culturais do estado. Após dez anos sendo apenas uma ideia, em 1991 Marcílio Reinaux conseguiu, com parceria entre governo do estado e prefeitura, finalmente tirar do papel o projeto. Desde sua primeira edição, o FIG se propõe a dar conta da imensa variedade cultural pernambucana e brasileira. Para isso, abraçou todas as formas de linguagens artísticas; e foi se aprimorando com o passar dos anos. Três anos após a primeira edição, o festival soma aos seus pólos o circo. Em 2004, por exemplo, o cinema deixou de ser trabalhado apenas em oficinas e debates e tem sua primeira mostra de cinema integrada à programação. Na sua última edição (2019), o festival contou com mais de 500 atrações ocupando as ruas e os 21 polos espalhados pela cidade. E ainda apresentando novidades como: o Figuinho, uma programação especial voltada para o público infantil, e o Prêmio Palhaço Cascudo de Incentivo às Artes Circenses, que visa reconhecer, premiar e incentivar trajetórias de artistas circenses. Toda essa pluralidade sempre foi bem projetada nas identidades visuais do festival, e é através de intervenções em motion design que o designer e pesquisador Bruno Veríssimo desenvolveu a exposição online FIG in Motion (2020). A exposição é um dos frutos de sua pesquisa de conclusão de curso, que em 2018 foi transformada na exposição “Memória Gráfica do FIG”, que fez parte da programação da 28ª edição do Festival de Inverno de Garanhuns através de identificação, vetorização e preservação dos ícones visuais que marcaram a história do FIG. A exposição online FIG in Motion surgiu da inquietude de Bruno durante a pandemia para manter uma memória do FIG, que ano passado realizaria sua 30ª edição, mas foi cancelado devido a pandemia. Além da vontade do pesquisador em compartilhar de forma mais acessível sua pesquisa e a necessidade do resgate histórico e preservação da memória gráfica do festival. Natural de Garanhuns, Bruno Veríssimo acredita na potência do reconhecimento e pertencimento através das marcas desenvolvidas para o Festival de Inverno de Garanhuns. Bruno é também responsável pelo projeto O Design de Luís Jardim (https://www.luisjardim.com.br/), resultado de sua pesquisa para o mestrado no Programa de Pós-Graduação em Design da Universidade Federal de Pernambuco, em que cria um panorama das obras do artista Luís Jardim, com foco em seus primeiros trabalhos para a indústria gráfica pernambucana nas décadas de 1920 e 1930. Exposição FIG in Motion: https://www.instagram.com/figinmotion/ Exposição Memória Gráfica do FIG: https://www.behance.net/gallery/88799065/Exposicao-Memoria-Grafica-do-FIG
- Playlist: Caruaru é uma palavra que traz lembranças e desperta curiosidade
Lugar de encantos, poesias e memórias, Caruaru é uma terra amada. A Princesa do Agreste foi a musa inspiradora de canções inesquecíveis, e ainda hoje, continua inspirando novas gerações de músicos e ouvintes. De tão presente em músicas famosas, Caruaru é uma palavra que traz lembranças e desperta curiosidade. Curiosidades para quem vive longe da capital do forró, e principalmente, para quem está perto do que é retratado nas músicas: a feira, as ruas, o rio, o São João e o forró. São muitas histórias para cantar e sorrir. Em homenagem aos 164 anos da Capital do Agreste, a Spia reuniu em uma playlist músicas que falam da querida e centenária Caruaru. “Ai Caruaru, do meu tempo de menino” No dever de escolher uma canção para representar Caruaru, a minha escolha não poderia ser outra. “Caruaru do Passado'' de José Pereira, é uma música charmosa e indispensável em qualquer festa que tenha forró. Consagrada na voz de Azulão, a música nos leva para uma viagem no tempo, através dela conhecemos um pedaço glorioso do passado da cidade. Um passado de festas, comidas, banhos de açude, de um São João fervoroso e de ruas memoráveis. Azulão, também conhecido como o Pequeno Grande, é um legítimo representante da cultura caruaruense. A playlist tem música para tudo que é gosto. As músicas sobre Caruaru se caracterizam pela pluralidade de gêneros musicais. Tem forró, xote, baião, tem o pífano, o samba e muito mais. Uma pluralidade que tem a cara de Caruaru, uma cidade nostálgica que não deixa de olhar para o presente. Caruaru continua cheia de história para contar, e a Spia tem a honra de fazer parte dessa história. *Observação: foram colocadas na playlist apenas as músicas disponíveis no Spotify.
- Destaque abril 2021: A Noite do Espantalho
Trecho do filme Lançado em 1974 e dirigido por Sérgio Ricardo, o musical que acompanha Maria do Grotão, o jagunço Zé do Cão, o vaqueiro Zé Tulão e os desmandos do coronel Fragoso, tem motivos de sobra para ser o filme de destaque de abril. Apesar do diretor paulista Sérgio Ricardo, A Noite do Espantalho (1974) se tornou pernambucano. Seja pelo seu elenco com os pernambucanos Alceu Valença (Espantalho), Geraldo Azevedo (Severino) e José Pimentel (Zé do Cão), pelo local em que foi rodado (no teatro Nova Jerusalém, em Brejo da Madre de Deus) ou mesmo pela representação lúdica da fé e força de seus viventes. Para um tema já tão retratado, a luta de sertanejos contra os mandos feudais de um coronel, os roteiristas escolheram por incluir a psicodelia como elemento narrativo principal. Uma psicodelia nordestina com coco, embolada, repentes e instrumentos como a viola, a rabeca, flautas e muita percussão. Com a fé alegórica do Espantalho, mulher-dragão, motoqueiros-cangaceiros com fantasia de abelha. O filme ganhou vários prêmios, incluindo o prêmio especial dos festivais de Cannes e Nova Iorque. Foi o escolhido para representar o Brasil no Oscar de 1975, mas não conseguiu a indicação. Leia mais sobre o filme nessa resenha-crítica escrita por nossa colaboradora Samara Torres: https://www.spiarevista.com/post/o-agreste-psicod%C3%A9lico-em-a-noite-do-espantalho-1974
- Destaque maio 2021: Pega-se Facção
Doc registra costureiras de facção da zona rural de Caruaru/PE. A continuidade das relações de exploração de mão de obra barata, a manutenção de uma realidade dura e a ausência de um poder público que seja capaz de assistir essas famílias, são temas expostos por Thaís Braga no curta documental Pega-se Facção. Com um olhar sensível, captura imagens do cotidiano de uma família da zona rural de Caruaru-Pe em que se confundem trabalho e lar. De antigas gerações que precisaram se adaptar (da roça para a máquina de costura) para sobreviver, até às crianças que já nascem dentro de uma facção. O desejo de mudança é materializado na fala de uma das personagens para sua filha: “Adriane, tenha gosto do seu estudo. Porque o que você deve arrumar é outra coisa melhor, não é máquina, não”. Pega-se Facção é um laudo de anos de exploração da vulnerabilidade de pessoas colocadas à margem da nossa sociedade. O filme, que tem rodado o país, é o nosso destaque do mês de maio. O curta tem sido bem recebido pela sensibilidade e cuidado ao tratar de temas tão delicados, tendo recebido prêmios como os de Melhor Filme no Festival de Cinema de Caruaru (2020), Melhor Desenho de Som no 3º Cine Verão - Festival de Cinema da Cidade do Sol (2020) e Melhor Direção de Fotografia na mostra universitária da 13ª edição do Curta Taquary, entre outros e algumas menções honrosas. Além de ter sido exibido em vários outros festivais nacionais como o Festival Curta Campos do Jordão e Festival Guarnicê de Cinema (realizado pela Universidade Federal do Maranhão), e no 13th Los Angeles Brazilian Film Festival, que acontece em Los Angeles e é Considerado o maior festival de cinema Brasileiro nos Estados Unidos. Documentário | Colorido | Digital | 13 min | PE | 2020 Roteiro e Direção: Thaís Braga Direção de produção: Camilla Barbosa Montagem: Sylara Silvério e Twany Moura Fotografia: Sylara Silvério Som direto: Elisa Lazuli Edição de som: Sylara Silvério Acompanhe o instagram do filme @pegasefaccao Leia relato de Thaís Braga, diretora do film, sobre um pouco da sua trajetória até a produção do seu primeiro e premiado filme Pega-se Facção.
- Destaque junho 2021: Tatuagem
Para junho, mês em que comemoramos o Orgulho LGBTQIA+, o filme de destaque é um clássico pernambucano que celebra a liberdade dos corpos e os amores revolucionários. Tatuagem se passa no Brasil de 1978, onde um grupo de artistas provoca a moral e os bons costumes pregados pela ditadura civil-militar, que já demonstrava sinais de esgotamento (pela abertura política lenta e gradual) mas ainda era atuante. Clécio Wanderley (Irandhir Santos) é o ator, diretor, produtor, pai, que lidera a trupe Chão de Estrelas, que na casa de espetáculos Vivencial Diversiones, juntos a público, outros artistas e intelectuais, debochavam, anarquizavam e subvertiam os costumes morais da sociedade oficial. Mas é com o amor que Hilton Lacerda (diretor e roteirista) nos provoca. É quando Clécio conhece Fininha (Jesuíta Barbosa), um soldado. As complexidades e tensões geradas pelo encontro de mundos opostos, o militar rígido e o artístico livre, é o que “cria uma marca que nos lança no futuro, como uma tatuagem.” Veja outras publicações do site sobre o filme: Tatuagem: de dentro para fora, um estudo do processo de criação a partir do roteiro do filme SUSPENSÃO NARRATIVA E FLUXO TEMPORAL. A EXPERIÊNCIA MUSICAL EM TATUAGEM (2013), DE HILTON LACERDA
- Memória
Os filmes de Kleber Mendonça Filho são exemplos de como discutir memórias. Nesse vídeo ensaio, a nossa colaboradora Maria Clara Mendes observa a relação entre personagem e objeto em três filmes de Kleber, são eles: Eletrodoméstica (2005), O Som ao Redor (2012) e Aquarius (2016). O mais importante destes objetos apresentados nos filmes são as memórias que eles testemunham. Classificação: +18
- O impacto imagético de Tião
Tião é um importante representante da nova cena pernambucana de produções audiovisuais. No seu cinema o afeto está no impacto imagético, fruto de uma forte relação com as artes plásticas. Em um primeiro momento as histórias de Tião podem causar um estranhamento, mesmo que filmadas em ambientes comuns. Suas narrativas costumam compartilhar semelhanças e talvez uma perspectiva de absurdo ou estranheza seja um bom adjetivo para os seus filmes.
- Primeiro acervo virtual de filmes feitos por pessoas trans é lançado em Pernambuco
Plataforma conta com mais de 135 filmes entre curtas, médias e longas-metragens. Com o objetivo de criar um acervo de filmes dirigidos por pessoas trans no Brasil, as cineastas Caia Coelho e Pethrus Tibúrcio idealizaram a plataforma Tela Trans, o primeiro acervo virtual brasileiro do cinema feito por pessoas trans. O projeto nasceu de uma pesquisa sobre o tema há cinco anos. Até agora, a plataforma já conta com o levantamento de mais de 135 filmes e ao menos 50 perfis de realizadores, que estão disponíveis gratuitamente no portal. A ideia é que o Tela Trans seja uma plataforma colaborativa, construída com a ajuda de indicações e inscrições de pessoas trans, cinéfilas, curadoras e pesquisadoras. O acervo é gratuito e pode ser acessado através do www.telatrans.com.br O mapeamento feito para o site coletou curtas, médias e longas-metragens, ficções e documentários, videoclipes, videoartes e videoperformances, além de obras para internet. No acervo, há obras realizadas por cineastas de quase todos os estados brasileiros, além de brasileiras residentes no exterior. Para o levantamento, Caia Coelho e Pethrus Tibúrcio consideraram todos os períodos em que se tem notícia dessa produção. “Até o momento do lançamento, o filme mais antigo no catálogo é “Superstição”, curta-metragem realizado em 2002 pelo homem trans negro paulista Tiely”, afirma Pethrus. A maior parte dos filmes do acervo podem ser assistidos pelo público direto na plataforma. O projeto foi financiado pela Lei Aldir Blanc, em Pernambuco. Para entrar em contato e saber mais informações sobre o projeto é só acessar o site ou entrar em contato através do e-mail contato@telatrans.com.br. SERVIÇO Tela Trans - Acervo do Audiovisual Trans Brasileiro: www.telatrans.com.br Contato: contato@telatrans.com.br
.png)











