Maria Clara Mendes
Destaque: Uma viagem ao passado sem tirar os pés do presente
Atualizado: 9 de ago. de 2021
Por Maria Clara Mendes.

A grandeza de um disco pode ser observada de inúmeras formas. Gosto de pensar que a obra de Alceu tem a autonomia para falar por si mesma, basta colocar o disco para tocar e pronto, está dito.
O Cinco Sentidos, lançado em 1981, tem a força, a sensibilidade e o atrevimento que só poderia surgir da mente de um artista como Alceu Valença. O álbum traz algumas memórias da infância do músico pernambucano, é uma viagem ao passado sem tirar os pés do presente. Com uma intensa dose de intimidade e desejo, ao longo das nove faixas, somos levados a experiências que jamais serão esquecidas. São as nossas emoções se misturando com as emoções do autor.
Parece um filme cujo diretor é um cabeludo, sensível e teimoso que tem apenas trinta e dois minutos para dizer tudo e mais um pouco. E ele manifesta, de forma poética e arrebatadora, a sua mensagem e a sua essência enquanto homem, menino, artista e pernambucano.
A última faixa do disco sintetiza bem. Seixo Miúdo.
O Cinco Sentidos vendeu 150 mil cópias e colocou Alceu no ápice dos grandes shows, seu lugar por merecimento. É um álbum que aponta o rumo que a carreira do artista iria seguir na década de 1980, mas que ainda traz o resquício da ternura presente em sua poderosa obra setentista.
Em tempos estranhos de pandemia e de tantos conflitos políticos, ouvir o Cinco Sentidos é uma boa pedida para sempre nos lembrarmos quem somos e o que nunca deixaremos de ser.
“Minha língua ferina só cala no fim do espetáculo…”
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