Revista Spia
Três álbuns de Azulão
Maria Clara Mendes e Mariana Gonçalves
Um dos maiores nomes da música popular brasileira, referência pela sua voz e irreverência em cima dos palcos, Azulão representa a força de um artista predestinado a ser grande. Essa grandeza se manifesta musicalmente em uma discografia valiosa, repleta de clássicos, memórias e de personagens inesquecíveis.
Com auxílio do cantor, músico e colecionador de LPs de forró, Natan Lima, separamos três álbuns de Azulão: ‘Eu Não Socorro Não’ (1975), ‘Azulão’ (1976) e ‘D. Tereza Arrependida’ (1992). Três álbuns lançados em momentos vitais da carreira de Azulão.
Em continuidade ao especial em homenagem aos 80 anos do Mestre Azulão, convidamos todos a ouvir e a conhecer estes três álbuns:

Na década de 1970, Francisco Azulão já era uma figura conhecida por ter a sua voz em coletâneas, em um compacto duplo lançado em 1965, pela parceria com Camarão, além das inúmeras composições gravadas por gente importante como Marinês, Jacinto Silva, Messias Holanda, entre outros. Faltava um LP para chamar de seu e ele foi lançado em 1975 pelo Selo Esquema, agora com o nome artístico de Azulão. O Eu Não Socorro Não traz um repertório afiado com clássicos que ajudaram a pavimentar a carreira deste grande artista de Caruaru. Entre os sucessos se destacam: ‘Nega Buliçosa' (Thiago Duarte), ‘Mané Gostoso’ (Lídio Cavalcante e Adolfo da Modinha), e ‘Tropé de Cavalo’ (Abenildo Lucena e Genésio Guedes). Este LP também apresenta regravações de clássicos como ‘Severina Xique Xique’ (Genival Lacerda e João Gonçalves), ‘Esquenta Moreninha’ (Assisão), ‘Tem que ter Suor’ (Antônio Barros) e ‘Canção do Roedor’ (Cecéu) - gravada no mesmo ano pelos 3 do Nordeste. O disco tem o acompanhamento impecável do Conjunto Borborema, grupo que acompanhava Jackson do Pandeiro e que deu ao ‘Eu Não Socorro Não’ uma sonoridade fantástica.

Depois de uma estreia impressionante com o clássico Eu Não Socorro Não, Azulão apresentou no ano seguinte, em 1976, uma verdadeira obra-prima. Se em seu primeiro LP a capa apresentava a figura ilustrada de dois personagens da música que dá nome ao disco, o segundo LP tem um jovem e elegante Azulão estampando na capa toda a sua magnitude. Este célebre LP se destaca por trazer músicas de compositores do agreste pernambucano como Genésio Guedes, Thiago Buarque, Brito Lucena, Juarez Santiago e Ivan Bulhões. A presença destes compositores evidencia que Azulão buscava não só cantar Caruaru, o objetivo era valorizar os artistas que nela existiam. Com um repertório alucinante do começo ao fim, é possível destacar os sucessos ‘Dona Tereza’ (Elias Soares), ‘Caruaru do Passado’ (José Pereira), ‘A Blusa Dela’ (F. Azulão e Ivan Bulhões), ‘Apanhadeira de Café’ (F. Azulão e Brito Lucena), ‘Amor tenho para lhe dar’ (F. Azulão, João da Condil e Sebastião Porfírio), e ‘Barra dos Coqueiros’ (Genésio Guedes, F. Azulão e Djalma da Hi-Hi). Podemos considerar que este é o primeiro LP de Azulão composto em sua maioria por músicas inéditas, sendo todas as músicas relevantes e conhecidas do público. Este disco mantém o mesmo nível do anterior na sonoridade, tendo novamente o acompanhamento do Conjunto Borborema.

D. Tereza Arrependida (1992)
Dez anos separam o último LP de Azulão, na gravadora Copacabana, do importantíssimo D. Tereza Arrependida, lançado de forma independente pela gravadora Ed Som. Segundo consta na contracapa, Azulão foi esquecido pelas gravadoras e ficou sem contrato, tendo que produzir por conta própria. Em 1992, em um novo trabalho independente, a resposta não poderia ser mais enfática para quem duvidava do Pequeno Grande: mais um LP de sucesso. O grande clássico deste álbum é ‘Afogando a minha dor’ (João Caetano), música obrigatória no repertório de muitos artistas caruaruenses. ‘O invocado’ (Luiz Moreno) traduz a versatilidade de Azulão em gravar uma música estilo rock. Também merecem destaques: ‘D. Tereza Arrependida’ (Biro Miranda e Azulão), ‘Coração sofredor’ (Gilvan Neves) e ‘Forró Chorão’ (Camarão). Este LP traz um Azulão alinhado com o que era produzido na época no que se refere ao forró e a música nordestina. A importância do LP D. Tereza Arrependida se encontra no retorno das vendas de Azulão com o que ele sabe fazer de melhor: cantar.
Um agradecimento especial a Natan Lima.
Destaque para algumas composições assinadas por Azulão
Olhei o meu amor (Francisco Azulão - Camarão)
Gravado por Azulão
LP: Forró de Zé do Gato - 1965
Disponível: https://youtu.be/NpstmXxCrGI
Ajuda-me (Francisco Azulão - Brito Lucena)
Gravado por: Azulão
Compacto duplo: Francisco Azulão - 1965
Disponível em: https://youtu.be/MxbQPzWdZOw
Pé de Jatobá (Francisco Azulão - Jacinto Silva)
Gravado por: Marinês e Sua Gente
LP: As Melhores do Nordeste - 1969
Disponível no YouTube: https://youtu.be/IcY6wI-KZlM
Sabiá na Bananeira (Paulo Duarte - Francisco Azulão)
Gravado por: Messias Holanda
LP: O Fino da Roça - 1969
Disponível em: https://youtu.be/ASq4OhPp7TQ
Esperei na Fogueira (Francisco Azulão - Elias Soares)
Gravado por: Marinês
LP: Pau de Sebo Vol.5 - 1971
Disponível em: https://youtu.be/LydJxD7C008
Linda Menina
Gravado por: Jacinto Silva
LP: Pau de Sebo Vol.6 - 1972
Disponível em: https://youtu.be/zkPJtRgRLD4