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  • Foto do escritorSamara Torres

Mãe, errado é não amar

Atualizado: 30 de jun. de 2021

“Olhando para trás, eu me vejo um monstro ou um homem. Não sei que figura me assusta mais, mas eu preciso acreditar que eu não sou uma delas.”

Rebu é um mini-doc sobre semelhanças, descobertas, família, medo, transformações e avanços. Roteirizado e dirigido por Mayara Santana, o mini-doc desenrola a vida dessa mulher negra, pernambucana e sapatão em seus momentos mais importantes para construção da sua narrativa pessoal.


Dividido em seis episódios + um extra, cada parte é importante para o produto final, não só da obra cinematográfica, mas para quem ela é para si própria. Nele, são abordados temas como afetividade, irresponsabilidade amorosa, nervosismo e processos de um jeito descontraído e divertido, sabendo exatamente onde posicionar cada temática com cada modo de contar essa história que pode parecer até caótica, mas que possui uma afinidade na jornada daquelas que se arriscam nesse universo chamado de vida.


No episódio 1, somos apresentados a uma menina filha única com seis irmãos. Filha de um homem com características fortes que seriam mais expostas um pouco na frente. Essa criança que era vista por alguns como uma criança estranha, de “gênio forte”, que andava brincando com os meninos e imaginava momentos românticos carregados de ingenuidade com sua amiga. Ali, seria o início de tudo que seria mais desenrolado com o decorrer dos anos.

Esse gênio forte não veio do nada. “É o DNA”, afirma Pedro Bala, pai dela, que é o assunto dos episódios 2 e 3 em que Mayara assegura a importância dessa figura na sua vida, seja nas influências culturais e principalmente no jeito de ser. A princípio, conhecemos uma pessoa tranquila e simpática, mas é por meio da humildade de retratar os defeitos que também sabemos o lado humano dele e também de Mayara.


“O filme é sobre o senhor, mas é sobre mim também.”


Quando é preciso lidar diretamente com a vida sapatão em um ambiente contra seu famoso “estilo de vida” (como tantos outsiders insistem em nos retratar) é sempre um momento de medo do proibido. No episódio 4, esse passo ansioso é narrado em cima da história de Mayara e sua primeira namorada. O relacionamento secreto, censurado e pioneiro foi repleto de passos incertos e no vão entre a descoberta e a repressão. Bença, como sua primeira ex-namorada era chamada, retrata uma personagem muito importante e ainda existente na vida daquelas mulheres que sofrem diante do desejo de liberdade. Além dela, temos também outra personagem determinante: aquela que tem essa liberdade, mas ama alguém preso. Mas nem sempre a liberdade é a solução de todos os problemas.


No episódio 5 e 6, conhecemos mais duas namoradas de Mayara e como o processo, os avanços, os erros e os acertos resultaram na mulher que ela é hoje. A cada tentativa de viver um amor de novela, a cada erro cometido e a cada acerto rejulgado, eram mais e mais passos na jornada que é ser uma mulher sapatão no século XXI. Por fim, no episódio extra, Mayara fala diretamente sobre si pela primeira vez em seis partes. Com uma finalização profunda, delicada e totalmente coerente do começo ao fim (e como não seria? A resistência sapatão é sempre coerente), Rebu transforma quem assiste por meio da sua leveza e intimidade de contar uma vida de luta e de garra.


Todos os episódios de “Rebu” estão disponíveis no Instagram @rebu.doc.


Texto escrito por Samara Torres.

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